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A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) divulgou na terça-feira (10) que o faturamento das empresas do setor aumentou 1,4% em 2019, e somou R$ 15,1 bilhões. Apesar do crescimento, houve redução de 1,4% no número de viajantes – foram 6,5 milhões durante o ano.

O presidente da associação, Roberto Nedelciu, avaliou que a contradição entre os números pode ser explicada pela desvalorização do real frente ao dólar. “Apesar de a gente ter um número menor de viajantes por causa da influência do câmbio, as pessoas que viajaram gastaram mais”.

O movimento de turistas no ano passado também foi impactado pela menor quantidade de feriados prolongados, o que foi sentido principalmente pelo turismo doméstico. Segundo a pesquisa, houve queda de 2,3% no número de passageiros para destinos nacionais, que chegou a 4,8 milhões. As rotas nacionais atraíram 73,8% do total de viajantes.

Em termos de faturamento, o turismo doméstico gerou R$ 9 bilhões para as operadoras de turismo, com um crescimento de 0,4%. Em relação ao faturamento total do setor, as viagens nacionais representam 59,7%.

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(Tomaz Silva/Agência Brasil)

As viagens para o exterior geraram 40,3% do faturamento das operadoras de turismo, o que foi resultado de uma alta de 2,8% em 2019. Com 1,7 milhão de turistas, os embarques internacionais renderam R$ 6,1 bilhões às operadoras.

A Braztoa também avalia que, apesar do câmbio, pacotes internacionais foram bastante competitivos em 2019. A diretora da associação, Monica Samia, afirmou que operadoras e companhias aéreas criaram promoções muito eficazes, que fizeram com que turistas selecionassem destinos fora do país em um ano em que houve menos feriados prolongados.

“A partir do momento que o brasileiro já conhece bem o Brasil, o próximo passo é a América do Sul. A América do Sul cresceu e pode ter levado uma parte desses turistas”, disse a CEO, que lembrou que a recuperação judicial Avianca Brasil rotas nacionais “comprometidas”. “Isso gerou impacto bastante significativo em várias regiões do Brasil”.

O secretário nacional de Desenvolvimento e Competitividade do Turismo do Ministério do Turismo, William França, acrescentou que a conectividade do Brasil com destinos em países vizinhos aumentou em 2019, inclusive com a entrada de empresas aéreas de baixo custo no país.

“A pessoa tinha que fazer um planejamento maior para visitar um país vizinho. Agora, com a linha direta, isso facilita e é um atrativo”.

O principal destino dos brasileiros em viagens internacionais é a América do Sul, que responde por 30,4% dos embarques, contra 28,4% para a Europa e 19,2% para a América do Norte.

Com um custo médio de R$ 4.060,75, as viagens para a Europa correspondem a 32,3% do faturamento, enquanto outros 23% vem dos embarques para a América do Norte, onde o gasto médio com o pacote é de R$ 4.263,82. Já para a América do Sul, o custo médio ficou em um patamar bem inferior, de R$ 2.128,98. O destino foi responsável por 18,2% do faturamento.

Nas viagens nacionais, o Nordeste é o principal destino, com 51,8% dos embarques e 56,9% do faturamento. O Sudeste recebeu 22,1% das viagens no ano passado e gerou 18,4% do faturamento, enquanto o Sul, 19,2% dos embarques e 19,3% do faturamento. Somadas, as regiões Norte e Centro-Oeste ocuparam uma fatia de 6,9% das viagens e de 5,4% do faturamento.

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(Tomaz Silva/Agência Brasil)

Coronavírus

Após o lançamento do anuário, o presidente da Braztoa comentou em entrevista que as operadoras do turismo no país já percebem um movimento de solicitação de cancelamento de viagens por causa do avanço do coronavírus em diversas localidades, em especial para a Europa. Roberto Nedelciu disse ainda não ter dados sobre viagens canceladas ou remarcadas, mas afirmou acreditar que o problema é temporário.

“É uma gripe e isso vai passar”, disse ele. “Pode ser uma chance de o Brasil se promover e trazer mais visitantes. E de o público interno viajar mais internamente”, concluiu.

O diretor executivo do Rio Convention e Visitors Bureau, Philipe Campello, conta que a chegada do vírus à Europa já se reflete em cancelamentos de viagens e adiamentos de eventos no Rio de Janeiro, já que o mercado europeu envia um quarto dos viajantes estrangeiros que chegam à cidade.

“Na Europa, as pessoas não querem entrar nos aviões. E, para vir ao Rio de Janeiro, as pessoas têm que vir de avião. Afeta [o Rio] quando uma companhia aérea cancela uma rota ou quando as pessoas deixam de embarcar. O problema delas não é com a cidade”, disse o representante da fundação que reúne empresários do setor turístico do Rio de Janeiro.

Para o secretário de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, Otávio Leite, é natural que haja preocupação em relação à viagens. Ele afirma que a estratégia do estado é buscar atrair os turistas que desistiram da viagens internacionais no curto prazo.

“Temos que trabalhar em uma lógica de turismo de proximidade e fomentar o Rio como destino para as pessoas que não irão mais ao exterior. Seja na praia, seja no interior, seja na serra. Essa é a nossa estratégia”, disse Leite, que ainda não tem dados sobre possíveis impactos do coronavírus na indústria turística do Rio de Janeiro.

(Foto: © Imagem de Arquivo/Agência Brasil)

Por Agência Brasil