Nasci para conhecer o desconhecido. Aprendi a ter prazer visitando o não convencional e buscando novas formas de compreender a diversidade, a maior riqueza mundial, que me faz sonhar e pensar num mundo melhor. Viajar nos proporciona justamente uma nova visão da realidade, cercada de experiências culturais e naturais. Sempre gostei de provar novas sensações de bem estar que culturas totalmente opostas a minha são capazes de nos proporcionar. Por assome considero cidadão do mundo pela arte da resiliência que as viagens me ensinaram e ainda hão de me ensinar muito mais.
Não me bastam hotel quer muito mais. Vivo em cada viagem, como se fosse um nativo. Ando de transporte publico-me hospedo na casa de famílias e tento perguntar a cada um com quem me envolvo, características peculiares daquela sociedade que a tornam tão sedutora. Às vezes, alugo um carro por dias com um motorista e guia para descobrir facetas não incluídas em nenhum guia turístico daquele destino. Cada viagem me traz um gosto diferente de amar, de ser amado e de encontrar na incidência do passear uma nova ideia para aprimorar meu interior e me provar que viver viajando pode fazer o individua melhor em todos os aspectos.
A fotografia me seduz. Vou clicando tudo que vejo desde rostos, a casas, centros culturais, comidas nas ruas e nos restaurantes, belezas naturais, flores. Enfim, fotografo a vida e quero compartilhar rapidamente com todos meus amigos e conhecidos. Compartilhar conhecimento e informação faz parte das diretrizes que dou a minha arte de ser feliz. Como adoro escrever, vou contando diariamente cada momento que vivo nas redes sociais, como um dever moral de mostrar a riqueza existente no contraditório cultural do mundo globalizado.
No meu tempo livre, planejo novas incursões com amigos que vão me conduzir, tendo na sensação da descoberta do novo, uma generosidade extrema e a possibilidade de juntos apreciarmos, mesmo que de forma diferente, os encantos que os caminhos ensolarados e chuvosos apontam para nosso engrandecimento interno e nossa sedução de respeito ao próximo.
A pandemia mudou totalmente meu caminho que parecia traçado para sempre. E ensinou a viajar dentro de casa, mas precisamente dentro demim. Trouxe-me uma viagem que eu desconhecia e não tinha tempo para pensar: descobrir dentro demim novas aptidões e deixar meu blog parado, como se ele tivesse se calado para receber um novo Bayard, que sempre solidário com os outros, desconhecia algumas de suas feridas e queria viver viajando sem que elas viessem à tona e passassem despercebidas. Era o momento de curá-las e para isso surgiu uma ansiedade que nunca tinha me acometido e que me fez sentir muito medo mas foi a forma que encontrei para me descobrir.
Não me acho diferente, mas estou aprendendo muito com várias pessoas, com quem divido minhas dúvidas e vejo que não existem mais certezas. Sinto para minha tristeza um ódio latente em várias pessoas que pareceu surgir repentinamente, mas que no fundo existia e as redes sociais permitiram sua visibilidade. Por outro lado, vi muita solidariedade, muita amizade. Muito discurso de companheirismo que me fez e me faz acreditar que uma parte do mundo está mudando e se tornando mais humana. Tal fato me permite acordar todo daime levantar e lutar para que meus terremotos não me abalem e que fique imune ao discurso do ódio e das fakenews, daqueles que apesar de tantas perdas, ainda não entenderam que o mundo é uma viagem pela criatividade que cada cultura traz e deixa aberto para ser explorado, entendido, mas, sobretudo espiritualizado, com base na evolução científica.
Hoje, sinto muita falta das viagens, mas não pretendo retomá-las antes de uma vacina que me dê segurança e de uma retomada verdadeira do turismo dentro da sustentabilidade e da ética. Sim, sinto saudades de estar dentro de um avião, num país bem longe ou simplesmente nas cidades convencionais como Paris e Nova Iorque, aqui no Rio, no Brasil andando sem rumo para poder contar alguma novidade. No momento estou em casa, fazendo tele trabalho e acompanhando com tristeza as politicas equivocadas que são levadas a cabo e defendidas sem argumentos racionais, com pessoas, que vivem uma emoção fora da realidade de que a “gripezinha” vai passar e que não atingirá qualquer um. Desrespeitam pesquisadores e circulam sem mascaras, com peito estufado, se achando seres diferentes e superiores. Viajam num mundo paralelo e não colocaram os pés no chão.
Tenho fé de que num futuro próximo voltarei a viajar, perto ou longe de casa, pois qualquer passeio me dá uma força grande para sentir o devir e continuar aprendendo com cada experiência que a vida me convidar.
Saudades eternas de tudo que vivi, mas agora pronto para viver uma nova era, que espero traga menos ódio, democracia e flexibilidade intitula para um mundo melhor.
Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor, pesquisador, funcionário público e trabalha voluntariamente no Instituto Preservale e na Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ.