Se perguntar para qualquer carioca quando é o aniversário da cidade do Rio de Janeiro, que em 2017 completa 452 anos, é possível ouvir duas respostas diferentes: 20 de janeiro e 1º de março. Mas, afinal, qual das datas é a correta?
Até 1956, celebrava-se a fundação da capital fluminense em 20 de janeiro, esta terça-feira, aniversário do padroeiro São Sebastião e feriado popular na cidade. De lá para cá, a outra data passou a ser considerada a oficial.
A mudança tem razão histórica e política. Enquanto o 1º de março faz referência ao momento em que Estácio de Sá chegou à Baía de Guanabara, em 1565, o dia em janeiro lembra a Batalha de Uruçumirim, dois anos depois, quando o domínio português no Rio foi consolidado. Para isso, no entanto, centenas de tamoios (entre eles o líder Aimberê) e cinco franceses foram mortos na região que hoje abriga o Outeiro da Glória. A guerra tirou ainda a vida do próprio Estácio, ferido por uma flecha.
“O 20 de janeiro também é um marco importante do ponto de visto político. Agora, é uma data bélica. No século 19 ela foi celebrada. A alteração reflete uma mudança de pensamento: substitui-se um feito militar por um momento de construção da civilização. Há claramente uma inflexão na forma de pensar a fundação da cidade, uma nova leitura do passado”, aponta Paulo Knauss, diretor do Arquivo Público do Rio.
Para o historiador, todo o período que vai da chegada de Estácio até a criação de um núcleo urbano, com a transferência da sede do Morro Cara de Cão (onde o português aportou) para o Morro do Castelo, constitui a formação do Rio. “A história da fundação da cidade certamente não se faz em um dia, trata-se de um processo. Essa cronologia caracteriza um processo”, diz Knauss.
Já o “janeiro” do nome da capital se refere ao primeiro contato dos portugueses, em 1504, com a Baía de Guanabara, a qual pensaram se tratar da foz de um rio.
Hoje, o dia 20 oficialmente é só de São Sebastião, padroeiro do Rio e de muitas outras cidades brasileiras (a paulista Ribeirão Preto, por exemplo).