Figurando como uma das recordistas de movimentação aérea no mundo, a ligação entre os dois aeroportos mais icônicos do País, administrados pela Infraero, faz aniversário e deixa legado histórico, cujas influências ultrapassam os oceanos
Na data (5/7), a ligação aérea entre as duas cidades mais populosas do País, São Paulo e Rio de Janeiro, completa 60 anos de atividades ininterruptas. Os grandes protagonistas dessa história são os aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), administrados pela Infraero desde os anos de 1980, cuja conexão por ar figura entre as quatro mais movimentadas do planeta.
Símbolos de tempos de glamour, boemia, ou negócios, os terminais carioca e paulista dão, hoje, lugar ao vai-e-vem dos mais de 26,5 mil passageiros diários da Ponte Aérea, sem mencionar aqueles com destino a outras localidades. Milhões de pessoas a cada ano, que se encantam pela conveniência e beleza na chegada ao centro do Rio, com vista para o Pão de Açúcar e a Baía de Guanabara, ou a São Paulo, cujo paliteiro de prédios e grande movimento de carros, observados da janelinha, antecipam o frenesi da cidade, a poucos quilômetros do aeroporto.
1959: NASCE A PONTE AÉREA
O ano era 1959. O Brasil era governado pelo presidente Juscelino Kubitschek e vivia sob a melodia da Bossa Nova. O Rio de Janeiro era a capital federal e centro político-cultural do país. São Paulo já era a maior cidade brasileira e a sua importância crescia junto com o seu desenvolvimento industrial.
No final dos anos 1950, a aviação comercial no Brasil era dominada pela Panair, nos voos internacionais, e pela Real Aerovias, que estava ganhando espaço no mercando doméstico, operando 15 voos em cada trecho na ligação Rio de Janeiro – São Paulo.
Em 1959, as companhias aéreas Varig, Cruzeiro do Sul e Vasp se reuniram e decidiram criar juntos algo novo. A proposta era operar em conjunto as decolagens e, assim, substituir voos quase vazios de cada companhia por um lucro em grupo. Nascia então a Ponte Aérea, em 5 de julho de 1959.
Juntamente com ela surgiu o bilhete único, que permitia ao passageiro comprar a passagem e viajar em qualquer um dos aviões das três empresas. Assim, da noite para o dia, aviões começaram a sair lotados. A recém-criada ponte aérea passou a oferecer voos a cada 30 minutos. A receita em caixa era posteriormente distribuída entre as companhias de acordo com a participação efetiva de cada uma na malha.
AS AERONAVES QUE FIZERAM E FAZEM A HISTÓRIA
O termo “ponte-aérea” foi criado, em 1959, para denominar o acordo entre as empresas. O conceito foi um sucesso e acabou inspirando outras rotas do gênero, como as pontes Nova York-Washington e Nova York-Boston. As primeiras aeronaves utilizadas na ponte aérea foram os Convair 240, da Varig; os Convair 240, 340 e 440, da Cruzeiro; e os Saab Scandia, da Vasp.
Nas décadas de 1970 e 1980, o único tipo de avião a voar no trecho era o Electra da Varig, tendo seu auge até a década de 1990, quando diariamente eram operados 44 voos em cada sentido, Congonhas e Santos Dumont.
Em 1991, por determinação do Departamento de Aviação Civil (DAC), os aviões turboélices Lockheed Electra II foram substituídos por aviões turbo-jatos, como Fokker 100, Boeing 737 e Airbus A320. A mudança possibilitou a empresa aérea TAM, que estava fora do acordo, a operar sua própria rota entre Rio-São Paulo. Com isso, o acordou deixou de existir diante da nova concorrência. O termo “ponte-aérea” passou a ser considerado para qualquer viagem entre as cidades de Rio de Janeiro e São Paulo.
Atualmente, a Latam é a responsável pelo maior número de passageiros na ligação entre as duas maiores cidades brasileiras – são quase 17 mil voos por ano. A GOL Linhas Aéreas responde por mais de 15 mil voos.
A GESTÃO TOMA NOVOS RUMOS: O PAPEL DA INFRAERO
Criada 14 anos após ao surgimento da ponte aérea, a Infraero é parte dessa bela história. Em 1981, a Infraero passa a administrar o aeroporto de Congonhas e, também, em 1987, a Empresa assumiu a gestão do Aeroporto Santos Dumont.
No primeiro ano em Congonhas, a Infraero iniciou a construção da sala para a ponte aérea, concluída em 1992. Esses foram os primeiros investimentos de uma série de realizações feitas pela Empresa, ao longo de mais de 30 anos de administração aeroportuária.
Hoje, o trecho Rio-São Paulo é também considerado a quarta rota doméstica mais movimentada do mundo, com quase 40 mil voos anuais, e a mais pontual do mundo, segundo a consultoria britânica Official Aviation Guide (OAG). Apenas as rotas entre as cidades de Seul a Jeju, na Coreia do Sul; Melbourne a Sidney, na Austrália; e Bombai a Nova Dheli, na Índia, possuem maior tráfego, segundo pesquisa.
Contudo, quando o assunto é América Latina, a ponte aérea brasileira é a rota doméstica mais movimentada, com diferença de quase 8 mil passageiros para a segunda rota, entre as cidades de Cuzco e Lima, no Peru.