No aeroporto de Orlando há placas de orientação em português. Nos restaurantes de Orlando e também de Miami, o cardápio está na nossa língua.
E quase todas as lojas têm funcionários brasileiros. Tanta receptividade não é à toa. Pela primeira vez, somos a população que mais visita as duas cidades. Segundo o Visit Florida, entidade de turismo da Flórida, 1,4 milhão de brasileiros estiveram no estado em 2011, sobretudo em Miami e Orlando. Com isso, ultrapassamos os ingleses, os campeões de visitas até então. “Enquanto a média dos demais países caiu ou ficou estável, o mercado brasileiro foi na direção oposta”, diz o paulista Luiz Moura Junior, diretor da Brand USA, órgão de turismo do governo dos Estados Unidos. O que leva tantos brasileiros para lá? Shop, shop, shop, como dizem os americanos. Em muitos casos, os produtos custam menos da metade que seus similares no Brasil.
MIAMI: TUDO ESTÁ LÁ
Miami tem South Beach, com corpos esculturais e celebrities desfilando pela Ocean Drive, hotéis art déco e noite nervosa. Mas há também os shoppings, os outlets e as ruas abarrotadas de lojas para shopaholic nenhum botar defeito. Nas cidades da Flórida, os produtos são mais baratos do que nas outras muito visitadas pelos brasileiros porque os impostos sobre compras (sales taxes) também estão entre os mais baixos: 6% em Orlando e 7% em Miami. Para se ter uma ideia, em Nova York o imposto é de 8,9%. Em Miami e Miami Beach, as cidades vizinhas queridas dos brasileiros consumistas, não faltam bons lugares para encher as sacolas. Além do comércio disputado, a Lincoln Road tem cafés deliciosos para você relaxar nos intervalos das compras. As lojas da Collins Avenue ficam em predinhos art déco – vale um passeio a pé. E a descolada região Design District vai ficar mais badalada ainda com a chegada de grifes como a Casa Armani, recém-inaugurada, e a Cartier, com abertura prevista para este semestre.
O point dos brasileiros
Praia? Que nada. O lugar preferido dos turistas brasileiros que vão a Miami são os shopping centers, que vivem lotados mesmo sob sol a pino. Um dos mais visitados é o Village of Merrick Park (358 San Lorenzo Avenue, Coral Gables,305/529-0200, villageofmerrickpark.com; 2ª/sáb 10h/21h, dom 12h/18h), em Coral Gables, com suas 115 lojas, entre elas os magazines-âncoras Neiman Marcus e Nordstrom, onde um vestido longo de festa que no Brasil sairia por R$ 1 000 ou mais custa R$ 600. No centro do prédio estão marcas de luxo como CH Carolina Herrera, Burberry, Gucci, Jimmy Choo e Tiffany & Co. “A Tiffany é um dos meus lugares favoritos para comprar presentes. Além dos preços quase três vezes menores do que no Brasil, vende também objetos de decoração”, afirma o executivo brasiliense Fernando Pinheiro. A Pottery Barn, uma das grifes de móveis e objetos de decoração mais conhecidas dos Estados Unidos, tem duas lojas ali. Até a brasileira Artefacto, meca de tantos decoradores brasileiros, está no shopping – e, em Miami, os preços são mais baixos do que no Brasil (mas, em geral, não compensa comprar lá e mandar entregar aqui porque a taxa é muito alta). Se bater a fome, há bons restaurantes espalhados pelo jardim. É o caso do recém-inaugurado Crave, que tem uma respeitável carta de vinhos.
O Bal Harbour Shops (9700 Collins Avenue, Bal Harbour, 305/866-0311, balharbourshops.com; 2ª/sáb 10h/21h, dom12h/18h), ao norte de Miami Beach, outro shopping badalado, é (ainda) associado ao luxo. Jennifer Lopez e Shakira fazem compras ali. Suas alamedas a céu aberto, ao lado de canteiros e jardins, serviram de inspiração para o Cidade Jardim, um dos shoppings mais chiques de São Paulo, inaugurado em 2008. Entre seus pontos fortes estão as grandes grifes de luxo – ali há lojas da Chanel, Diane von Furstenberg, Oscar de la Renta, Valentino e Carolina Herrera, entre outras dezenas de grifes top. A Stella McCartney e a Alexander McQueen acabaram de abrir suas portas no local. “O Bal Harbour é um dos melhores dos Estados Unidos em termos de qualidade”, diz a relações-públicas paulista Eveliny Bastos-Klein, autora do blog miamidomeujeito.com. As opções gastronômicas seguem o alto padrão de atendimento. Um dos melhores restaurantes japoneses das redondezas, o Makoto, do chef Makoto Okuwa, fica no térreo.
O centro de compras mais completo de Miami é o Aventura Mall (19501 Biscayne Boulevard, 305/935-1110, aventuramall.com; 2ª/sáb 10h/21h30, dom 12h/20h). Seus números são grandiosos: é o segundo mais visitado dos Estados Unidos, o quinto maior do país, tem a filial mais lucrativa da Abercrombie & Fitch (uma das prediletas dos brasileiros), a maior unidade da Nordstrom, filiais gigantescas das lojas de departamentos Bloomingdale’s, Macy’s e Sears e uma unidade da rede de cosméticos Sephora bem completa – nela, um frasco de perfume Marc Jacobs Daisy (50 mililitros) sai por R$ 130. Difícil pensar em uma grande rede que não esteja aqui. Na hora das refeições, a boa é o italiano Bella Luna, que serve massas e pizzas artesanais. Há ainda o shopping The Falls (8888 SW136th Street, Coral Gables, 305/255-4570, simon.com; 2ª/sáb 10h/21h,dom 12h/19h), com um andar de alamedas ao ar livre. Conta com uma unidade imensa da Bloomingdale’s, além de uma William-Sonoma, com objetos de decoração e utensílios para a casa. Fundado em 1962, o Dadeland (7535 N Kendall Drive, Coral Gables, 305/665-6226, simon.com; 2ª/sáb 10h/21h30, dom 12h/19h), em Coral Gables, foi o primeiro shopping do sul da Flórida. Marcas conhecidas, como Gap e Macy’s – na qual uma gravata do estilista Michael Kors custa R$ 60 –, têm unidades ali.
Os outlets
Os outlets são a ponta de estoque das grandes marcas. Por isso, os preços são ainda menores do que nas lojas dos shopping centers. A desvantagem é que nem sempre há todos os modelos e tamanhos disponíveis na loja; é preciso garimpar. O Sawgrass Mills (1280 West Sunrise Boulevard, simon.com; 2ª/sáb 10h/21h, dom 11h/20h), em Sunrise, 53 quilômetros ao norte de Miami, se promove como o maior outlet dos Estados Unidos. São mais de 350 lojas, 11 mil vagas de estacionamento e 26 milhões de visitantes por ano. E ele vem passando por sucessivas ampliações. Entre as lojas inauguradas recentemente estão The Lego Store, Swarovski Crystal, a gigante de roupas e acessórios Original Penguin Outlet, a joalheria Misaki Outlet e, como por aqui tudo é plural, a segunda unidade da grife de roupas, relógios e acessórios Michael Kors. “Este é o outlet dos outlets. Tem os melhores preços de Miami e Orlando. Já fui às duas cidades várias vezes e só aqui encontrei bermudas Calvin Klein por R$ 30”, diz o estudante de direito Augusto Muniz. As marcas de luxo aparecem aos montes. Os destaques são Valentino, Burberry e Giorgio Armani. Não estranhe se você cruzar com brasileiros em todo lugar – é assim mesmo. Na praça de alimentação, se a dependência for grande, existe um bufê de comida brasileira chamado Flavors of Brazil. Para algo tipicamente americano, tem a lanchonete Johnny Rockets, com hambúrguer, batata fita e torta de maçã. Devido às proporções, é necessário bolar um plano de ação para a visita: escolha de antemão as lojas a ser visitadas, chegue cedo e pegue um mapa no posto de informação. Os descontos em geral variam de 30% a 60%, mas no site é possível conferir as melhores ofertas do dia. Outro outlet popular, este bem mais perto, fica 8 quilômetros a oeste do aeroporto de Miami. É o Dolphin Mall (11401 NW 12th Street, Sweetwater, 305/365-7446, shopdolphinmall.com; 2ª/sáb 10h/21h30, dom 11h/20h). Muita gente sai do avião e vai direto para lá. Bem diversificado, tem 240 lojas, como a Bloomingdale’s e a Last Call by Neiman Marcus. Há cerca de três meses também foram inauguradas unidades da Armani Exchange e da Billabong. Na hora da refeição, nem vai dar tempo de sentir saudade da comida brasileira; há uma churrascaria na praça de alimentação, a Texas de Brazil. Outra boa opção – de fast food – é o restaurante T.G.I. Friday’s.