A Azul retomou os planos de abertura de capital. Segundo pedido apresentado na SEC, Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a Azul pretende lançar ADS (American Depositary Shares) na Bolsa de Nova York e ações preferenciais no Nível 2 de governança da BM&F Bovespa.
A empresa não detalhou quando pretende fazer o IPO (oferta inicial de ações, da sigla em ingês) nem o volume de ações.
Desde 2013 a Azul ensaia entrar na Bolsa, mas por duas vezes desistiu devido a condições desfavoráveis do mercado. Há um ano, a expectativa da companhia era levantar US$ 350 milhões, podendo chegar a US$ 450 milhões com uma oferta adicional.
Para André Castellini, sócio da Bain & Company, é cedo para dizer se desta vez a Azul vai concretizar a oferta.
“O sucesso do IPO depende da melhora de expectativas no mercado de capitais, que hoje está fechado para ações de empresas novatas, e da aprovação do plano de aviação regional”, diz. “Se o plano sair e o momento for favorável, a Azul estará pronta.”
O plano de subsídios à voos regionais beneficia diretamente a Azul, mas não foi aprovado pelo Congresso. Para tirá-lo do papel, o governo terá de reapresentá-lo no ano que vem.
Conta a favor da Azul, diz Castellini, o fato de a empresa vir de um ano positivo, em que conseguiu ganhar espaço no aeroporto mais rentável e concorrido do país (Congonhas). Soma-se a isso o fato de o preço do petróleo estar em queda.
O novo pedido de registro acontece em um momento de forte expansão da companhia fundada pelo americano brasileiro David Neeleman.
A empresa, que tem sede em Campinas e é líder no mercado regional, iniciou nesta segunda (1º) sua operação internacional, com um voo regular diário para Fortlauderdale/Miami. No dia 15, terá início o voo para Orlando.
Além da operação internacional, a Azul, dona de 16% do mercado doméstico, prepara-se para concorrer diretamente com TAM e Gol: na sexta-feira, a empresa anunciou a compra de 35 aviões modelo A320neo, a nova geração do jato de um corredor da Airbus, e o arrendamento de outros 28 jatos do mesmo modelo.
As aeronaves serão incorporadas à frota ao longo de seis anos a partir de 2016.
Os primeiros aviões a chegar deverão ser destinados à operação de Congonhas.
Para Castellini, a operação internacional não favorece ao IPO, por se tratar de o de alto custo e de resultado incerto.
“A concorrente American Airlines já respondeu à altura, lançando um voo de Campinas”, diz.
AIRBUS X EMBRAER
A encomenda à Airbus está avaliada em US$ 3,6 bilhões, considerando o preço de lista. O anúncio acontece dias após a empresa cancelar uma intenção de compra de US$ 3,1 bilhões com a Embraer, para 50 unidades do modelo E 195-E2.
No mercado, o momento do anúncio do contrato com a Airbus, logo após o cancelamento com a Embraer, é visto como uma tentativa de sensibilizar Brasília a não desistir do plano regional.
No entanto, a aquisição de aviões maiores é um passo natural para fazer valer o espaço que a Azul conseguiu conquistar em Congonhas.