PUBLICIDADE

Dicas de Viagem

Circuitos com rotas definidas são os mais indicados para os iniciantes. Pesquisa em sites especializados e troca de informações com outros ciclistas são essenciais

Por Gabriel Fialho


Crédito: Arquivo Pessoal

Contemplar paisagens a seu tempo, ter um contato próximo com diferentes culturas, fazer amizades, manter a saúde em dia e alimentar o espírito de aventura são algumas razões que levam diversas pessoas a viajar de bicicleta pelo Brasil. O roteiro pode ser traçado em um mapa antes de se iniciar a empreitada, conforme as preferências do ciclista. Pode ser por um circuito com rotas definidas como a Volta das Transições (MG) e Lagamar (SP) já apresentadas pela Agência de Notícias de Turismo nas últimas semanas. Mas, a viagem pode não ter um caminho pré-estabelecido.

O médico Thiago Gabriel, 36 anos, prefere a última opção. Morador de Jales (SP), ele pedala desde criança. Aos 17 anos mudou para a capital paulista e na faculdade adotou de vez a bicicleta como meio de transporte. “Cansei do trânsito e do transporte público lotado e voltei a usar a bicicleta. Durante a residência médica, eu só usava a bicicleta, para estudar, trabalhar, passear, ir nas baladas. Como eu fazia tudo pedalando, decidi começar a viajar também”.

O paulista iniciou os passeios sozinho e com trajetos mais curtos, com menos de 100 quilômetros, indo a casa de amigos em cidades próximas, como Jundiaí e Cotia. Depois Thiago se mudou para Taubaté e fez pequenas viagens por Joanópolis, Ubatuba e Campos de Jordão. Há quatro anos ele deu início a roteiros mais longos. “Eu pesquisava uns lugares que achava legal, aqui ou no exterior, depois pesquisava em mapas e na internet informações sobre onde poderia passar e ia”, lembra.


Thiago e a esposa Flávia com as inseparáveis “Rufus” e “Penélope”. Crédito: Arquivo Pessoal

No entanto, as viagens solitárias ficaram para trás no fim de 2013, quando ele conheceu a enfermeira Flávia Vieira, 28 anos, com quem é casado atualmente. Ela nem sonhava em viajar pedalando, mas cedeu à paixão do marido. “Ela viu que eu gostava muito e que se ela não me acompanhasse eu iria sozinho, então ela começou a viajar de bike comigo e pegou gosto. Temos diferenças de força e resistência que às vezes atrapalham um pouco, mas já está em andamento um projeto de uma tandem (bicicleta para duas pessoas) para nós”, projeta.

As bicicletas “Rufus”, de Thiago, e “Penélope”, de Flávia, rodaram por praias de Florianópolis, do Rio Grande do Norte, pelas margens do Rio Paraná, Mato Grosso do Sul, interior de São Paulo e por muitos lugares da Europa, América Central e do Sul. Vivência que o casal fez questão de compartilhar em um blog e nas redes sociais. “São muitas experiências, porém as mais marcantes foram com pessoas, as novas amizades”, relata Thiago.

TROCA DE EXPERIÊNCIA – A internet é uma fonte de informação essencial para quem deseja fazer um roteiro. Diversos ciclistas costumam compartilhar suas experiências, com intuito de incentivar e auxiliar quem está planejando viajar sobre duas rodas. Esta necessidade motivou a formação do Clube de Cicloturismo do Brasil.

Trata-se de uma ONG, fundada em 2001, com o objetivo de promover a atividade. No site, há muitos depoimentos sobre viagens, grupos de discussão, organização de passeios, mapas e um manual completo com dicas de equipamentos, bagagem e outras informações úteis.


Crédito: Arquivo Pessoal

Uma recomendação do paulistano Emilson Pareschi é justamente a pesquisa prévia sobre o roteiro, o que inclui conversar com quem já percorreu o trajeto. “Já fiz alguns roteiros sozinho e o ideal é pesquisar antes, na maioria das vezes com alguém que já passou por lá. Os roteiros estabelecidos normalmente são bem demarcados e tranquilos para percorrê-los. Para o caso de viagens fora dos roteiros convencionais, entendo que o ideal é evitar os grandes centros urbanos e as rodovias mais movimentadas”, explica o analista de TI.

Assim como Thiago e Emilson, Régis Prestes, de Capão da Canoa (RS), integra o Clube de Cicloturismo e obtém muitas informações pelo site. O gaúcho também participa de um grupo de pedal de sua cidade, o MTB Sem Fronteiras. “Certa vez fizemos um pedal descendo a serra do Umbu, de São Francisco de Paula até Capão da Canoa. É uma serra muito perigosa para descer de bike. São três quilômetros de descida muito íngreme. Fizemos no inverno com uma temperatura de -1º. Uma distância relativamente curta mas muito desgastante”, comenta.

O ciclista também fez roteiros sozinho, como certa vez que pedalou durante dois dias os 440 quilômetros que separam sua cidade de São José do Norte. Régis sempre realiza um período de treinos mais intensos antes de partir para uma empreitada como esta.

Outra dica é fazer a revisão do equipamento antes de pegar a estrada. “A bike deve estar com as peças e a regulagem em dia. É pedir para ter dor de cabeça fazer uma cicloviagem numa bike com peças já desgastadas. Se houver problemas e você estiver no meio do nada, vai complicar”, aconselha Emilson.

Para os iniciantes, as sugestões são basicamente as mesmas: começar por roteiros curtos e pré-estabelecidos, evitando estradas movimentadas, optando por aqueles que tenham pontos de apoio (hospedagem, alimentação, pronto-socorro) e dar preferência a passeios em grupo.