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Período de destaque entre os embarques das viagens comercializadas em outubro, a aproximação da alta temporada aponta para uma trajetória de retomada mais robusta para o setor de Turismo, mesmo diante de um cenário de faturamento menor que um ano atrás. Esse quesito também reforça a evolução gradual e sustentável das operadoras, que encontra força na criatividade para a elaboração de novos produtos e, ao mesmo tempo, esbarra em questões como abertura de fronteiras, variação cambial, entre outras coisas.
Esses dados fazem parte do oitavo levantamento mensal da BRAZTOA (Associação Brasileira das Operadoras de Turismo), que traz números de outubro sobre a comercialização e gestão de seus associados, que representam cerca de 90% das viagens de lazer comercializadas no Brasil, diante da pandemia da COVID-19.
Em outubro, 92% das operadoras realizaram vendas, o dobro das empresas que tiveram comercialização em abril, que se consolidou como o pior mês em vendas, de 2020. Apesar de estar bastante aquém de 2019, confirma o crescimento paulatino e constante, tanto que, para 90% das operadoras, outubro foi melhor ou similar a setembro.
Quando o assunto é volume de vendas, 18% das operadoras apontaram ter tido um faturamento equivalente a 50 a 100% se comparado a outubro de 2019 e 4% já tiveram um faturamento maior que no mesmo período do ano anterior (em setembro eram 2%). O número de empresas cujo faturamento ainda é 90% menor do que em 2019 está em 35% (em abril, esse quesito era de 80%), mesmo similar ao das empresas que faturaram entre 11 e 50%, no mesmo período.
A tendência de aquisição de viagens com maior antecedência permaneceu no mês de outubro. Não há clareza dos fatores que estão por detrás desse comportamento do brasileiro, mas especula-se que pode estar atrelado à oferta limitada de serviços e preços altos no curto prazo, expectativa de estabilidade da crise, surgimento da vacina, entre outros fatores. 76% das operadoras disseram ter comercializado viagens cujos embarques se concentram no primeiro semestre de 2021, seguidas de roteiros que se realizarão em dezembro (63%), consolidando o Natal e o Réveillon entre os principais produtos do setor, mostrando que as alterações no calendário de férias parecem não ter comprometido as viagens da alta estação. Os embarques para o segundo semestre de 2021 fizeram parte das vendas de 45% das operadoras.
Esses dados reforçam um cenário que já vimos anteriormente no qual as pessoas desejam viajar e, com os protocolos e cuidados expostos pelas empresas, empreendimentos e profissionais do setor, a cada dia sentem-se mais seguras para isso. Além disso, a flexibilização das políticas de remarcação, adiamentos e cancelamentos está deixando as pessoas mais confiantes para fecharem suas viagens com maior antecedência, sem grandes preocupações com o cenário que encontrarão meses à frente.
Mais uma vez, a região Nordeste se destacou, fazendo parte das vendas da maior parte das operadoras. A região Sul aparece em segundo lugar, seguida do Sudeste. As regiões Norte e Centro-Oeste figuram em quarto e quinto lugares, respectivamente. Entre os destinos nacionais mais comercializados em outubro, destacam-se Salvador, Porto de Galinhas, Fortaleza, Serra Gaúcha, Gramado, Estado de São Paulo (com os destinos do interior), Rio de Janeiro e Amazonas.
No internacional, grande líder entre os destinos internacionais, o México, com destaque para Cancún, e República Dominicana, também com Cancún, asseguraram a preferência pela região do Caribe. Na América do Sul, a Argentina lidera, seguida pelo Peru e pela Colômbia. Já no continente Asiático, Maldivas tem aproveitado a oportunidade para ganhar espaço frente a destinos mais tradicionais e se consolidando, mês a mês, entre os mais vendidos. Também se destacam Espanha, Portugal e Turquia, formando a já conhecida Eurásia. Os destinos dos Estados Unidos também aparecem com boa procura no mês de outubro.
Perfil das vendas e do Viajante
Se a crise provocou mudanças no comportamento dos brasileiros, isso não afetou sua preferência pelos destinos de praia – o que tem ligação direta com a permanência do Nordeste e do Caribe como campeões nas vendas de viagens. A tendência de viagens para espaços abertos aparece em seguida, com os destinos do interior de São Paulo ganhando espaço (fazenda, campo e montanha), e logo depois estão os locais de natureza e ecoturismo. Em relação à duração, as viagens mais comercializadas tiveram um tempo médio de 5 a 9 dias, seguidas das de curta duração (até 4 dias). As escapadas de final de semana aparecem em terceiro lugar e, na sequência, estão as viagens de longa duração (10 dias ou mais).
Os roteiros com voos de curta distância (menos de 2 horas de duração) aparecem entre as preferências, seguidos das viagens com aéreo de longa duração (voos de mais de 2 horas). Merecem destaque as hospedagens em longas distâncias ou outros estados, seguidas das hospedagens em locais de curta distância (até 400 quilômetros).
Os resorts aparecem com maior destaque entre as opções para acomodação, bem próximos das hospedagens em hotéis de grandes redes, o que pode ter relação com a maior disponibilidade de leitos desses empreendimentos, por conta da proporção da sua capacidade ante estabelecimentos menores.
Segurança
Pela primeira vez, a pesquisa traz dados sobre a aquisição de seguros-viagem, um componente importante nas vendas e que vai ao encontro do principal ponto de atenção das pessoas na hora de decidir sua viagem: a segurança, principalmente neste momento em que o mercado apresenta opções com cobertura exclusiva para a Covid-19. Mais de 60% das operadoras BRAZTOA apontaram que a aquisição de seguros se manteve estável ou cresceu entre as demandas.
Gestão, expectativas e oportunidades
Mesmo levando em conta a melhoria paulatina dos negócios, para cerca de metade das operadoras, o faturamento da alta temporada (Natal, Réveillon, Janeiro) não atingirá 50% em comparação ao mesmo período de 2019.
Em relação à gestão, 22% das operadoras sinalizou a pretensão de fazer contratações nos próximos dois meses, contando com uma retomada das atividades, volume de trabalho e de faturamento com a alta temporada. Já 59% das empresas pretendem utilizar ferramentas que possibilitem redução de jornada e salários, com o intuito de manter sua equipe.
“Ao longo desses meses de pandemia em que a BRAZTOA realizou um trabalho contínuo em prol da manutenção e recuperação das suas associadas e do setor, ficou evidente que estamos trilhando um caminho assertivo, fortalecendo o coletivo. Isso se consolida com o lançamento do programa de Retomada do Turismo, pelo Ministério do Turismo, que evidencia a importância do trabalho estratégico das entidades em parceria com o governo para acelerar a recuperação da atividade turística e assim, contribuir para a recuperação da economia do país, papel que o turismo tem exercido com vigor nos últimos anos, reforça Roberto Haro Nedelciu, presidente da BRAZTOA.